sábado, 8 de novembro de 2008

Artur de Carvalho por Paulo Cosmo

Conheço essa figura rara desde 1984 e inacreditavelmente ainda gosto dele. Minha amiga Telma - desde 1985 esposa do rapaz - decidiu mostrar seus vastos conhecimentos de informática para o então recém namorado, levando-o numa visita ao laboratório de informática da Puccamp no momento que eu estava a fazer um trabalho em equipe para incluir no nome dela.

Olhei para aquele cabeludo, barbudo, esculachado e pensei onde a Telma estava se metendo daquela vez. Bem! Ela se meteu com um cara maravilhoso! Doido, mas fantástico. Talvez por isso seja doido. Muito inteligente, sensível, carinhoso e até onde conheço, tranqüilo e de bem com a vida, apesar das crises existenciais inerentes a toda pessoa que pensa além do próprio tempo e não se conforma em ver ignorantes vencendo na vida, enquanto ele mesmo precisa ralar como alucinado para ver seu trabalho reconhecido. Na realidade ralar para fazer o trabalho ser visto, pois o reconhecimento é uma reação que acontece instantaneamente.

Já vivemos boas situações e tenho nele um amigo que ultrapassa o tempo e a distância, tanto que nos metemos nessa impreitada, mesmo sem nos vermos fisicamente há 10 anos e estarmos 4.000 km um do outro. Quando temos a oportunidade de nos falar - coisa rara - dizemos assim um para o outro: estava precisando falar com alguém culto que me entenda. Não que estejamos cercados de pessoas incultas, mas parece que possuímos algo especial, onde até as histórias inventadas e mentiras repetidas fazem parte de um pacto de união. Sei lá!

Falar que ele é jornalista, escritor, publicitário, desenhista e pensador chega a ser uma redundância digital. A internet está repleta de depoimentos semelhantes sobre esse vovô fresco, um paulista de Campinas, filho da Dona Laís e Seu João, egresso do Colégio Notre Dame, freqüentador de alguns cursos na Puccamp, mas que acabou parando numa padaria em Votuporanga, cidade que o acolheu como "o cara", pois ele é o Artur. Não existe quem não o perceba, até porque ele adora se fazer perceptível.

Ele é a única pessoa que eu conheço que adota um viralata feio, baixinho, barrigudo, com perna manca cadenciada, soluço intermitente, sarna e os cambau. Isso seria até normal, se não fosse o detalhe dele pegar uma corda velha, amarrar no pescoço desse alienígena canino e sair de Comissão de Frente durante um desfile de Escola de Samba de Votuporanga. Ah! O Artur detesta Carnaval.

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